Capoeira: Um Breve Histórico
Quando falamos em origem da
Capoeira, muitas são as controvérsias, principalmente devido à carência de
referenciais históricos, pois em 15 de Novembro de 1890, o conselheiro Rui
Barbosa, então Ministro da Fazenda do governo Deodoro da Fonseca, ordenou que
toda a documentação referente à escravidão no Brasil fosse incinerada, pois
acreditava que tal se tratava de uma “mancha negra” na história do país, e que
deveria ser apagada.
A discussão é interminável:
pesquisadores, folcloristas, historiadores e africanos procuram saber a origem
da Capoeira. Seria ela Africana ou Brasileira?
Alguns estudiosos defendem a origem
indígena da Capoeira, de que os Portugueses, quando do descobrimento do Brasil,
teriam presenciado os índios nativos divertindo-se jogando Capoeira. Na “arte
da gramática da língua mais usada na costa do Brasil”, editada em 1595, há uma
citação de que “os índios Tupis-guaranis divertiam-se jogando Capoeira”. Porém,
esta é a teoria menos aceita.
Outros estudiosos defendem a origem
africana da Capoeira, afirmando que os negros africanos escravizados e trazidos
ao Brasil já carregavam consigo a Capoeira como um de seus costumes. Existe
quase uma unanimidade entre os pesquisadores de que os primeiros escravos
trazidos para o Brasil vieram de Angola.
Convém, no entanto, lembrar que
vários pesquisadores e até mesmo capoeiristas estiveram na África,
principalmente em Angola, e jamais encontraram vestígios de alguma luta
parecida com a Capoeira; não existem nomes de golpes, nem de toques na língua
africana.
A teoria mais aceita pelos
pesquisadores e capoeiristas é a de que a Capoeira foi criada no Brasil por
escravos africanos. Da África teriam trazido seus costumes, música, religião,
danças, e crenças, e aqui encontraram somente a escravidão, uma vida sofrida e
reprimida, não possuindo armas suficientes para se defender dos inimigos e
senhores de engenho. Movidos então pelo instinto natural de preservação da
vida, descobriram no próprio corpo a essência da sua arma, a arte de bater com
o corpo, tomando como base as brigas dos animais (coices, saltos, botes) e,
aproveitando as suas manifestações culturais trazidas da África, criaram a
Capoeira.
A palavra Capoeira “caã puêra” é um
vocábulo Tupi-Guarani que significa “mato ralo que foi cortado, extinto”.
Ouviu-se falar de Capoeira durante
as invasões holandesas, em 1624, quando escravos e índios, aproveitando-se da
confusão gerada, fugiram para as matas. Os negros criaram os quilombos, entre
os quais destacamos o famoso Quilombo de Palmares, cujo líder Zumbi era
capoeirista, foi o maior e mais forte de todos.
Após a abolição da escravatura, os
então ex-escravos, assim como a Capoeira, foram duramente marginalizados, sendo
a prática da mesma proibida por diversos anos, e liberada apenas em 1932,
quando Manoel dos Reis Machado (Mestre Bimba) conseguiu fundar, na cidade de
Salvador, a primeira academia oficial do Brasil.
Hoje se pode praticar a Capoeira em
todo o Brasil, e cada vez mais popular, também no exterior. A exportação de
professores e mestres de Capoeira, assim como o surgimento de professores
estrangeiros, faz da Capoeira uma grande alternativa profissional para qualquer
praticante.
Capoeira e sua Importância Pedagógica
A Capoeira é uma excelente atividade
física e de uma riqueza sem precedentes para ajudar na formação integral do
ser. Ela atua de maneira direta sobre os aspectos cognitivo, afetivo e
psicomotor. A sua riqueza estão nas várias formas de ser contemplada na escola,
onde o educando, através de sua prática ordenada, pode assimilar e, assim,
atuar nas linhas com as quais mais se identificar. Porém, existem diversas
concepções de Capoeira. Dentre elas, citamos algumas.
Capoeira Luta: representa a sua
origem e sobrevivência através dos tempos, na sua forma mais natural, como
instrumento de defesa pessoal genuinamente brasileira. Deverá ser ministrada
com o objetivo de Capoeira – combate e de defesa.
Capoeira Dança e Arte: a arte se faz
presente através da música, ritmo, canto, instrumento, expressão corporal e
criatividade de movimentos. É também um riquíssimo tema para as artes
plásticas, literárias e cênicas. Na dança, as aulas devem ser dirigidas no
sentido de aproveitar os movimentos da Capoeira, desenvolvendo flexibilidade,
agilidade, destreza, equilíbrio e coordenação motora, indo à busca da
coreografia dos alunos, tanto na parte prática como teórica.
Capoeira Esporte: como modalidade
desportiva, institucionalizada em 1972, pelo Conselho Nacional de Desportos,
ela mesma deverá ter um enfoque especial para a competição, estabelecendo-se
treinamentos físicos, técnicos e táticos.
Capoeira Educação: apresenta-se como
um elemento importantíssimo para a formação integral do aluno, desenvolvendo o
físico, o caráter, a personalidade e influenciando nas mudanças de comportamento.
Proporciona ainda um autoconhecimento e uma análise crítica das suas
potencialidades e limites. Na Educação Especial, a Capoeira encontra campo
frutífero junto aos portadores de deficiência.
Capoeira Lazer: como prática não
formal, através das “rodas” espontâneas realizadas nas praças, colégios,
universidades, festas de largo, etc.
Capoeira Filosofia de Vida: muitos
são os adeptos que se engajam de corpo e alma, criando dessa forma uma
filosofia própria de vida, tendo a Capoeira como elemento símbolo, e até mesmo
usando-a para a sua sobrevivência.
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